‘Agora É Tarde’ foi um grande acerto da Band, mas ainda precisa de alguns ajustes finos


Danilo Gentili: é preciso controlar o nervosismo e melhorar o áudio da atração
Superou as expectativas da Band a estreia de “Agora É Tarde”, programa solo apresentado por Danilo Gentili. A ideia de exibir um talk show não é particularmente animadora à primeira vista, quando se pensa que TV aberta e por assinatura já contam com Jô Soares e David Letterman, mas nesse caso, o humorista conseguiu unir o melhor dos dois mundos. É bem verdade, no entanto, que quem espera ver o humor ácido do “CQC” nesta atração vai encontrar piadas um pouco mais leves. E, pelo que deu para perceber, as anedotas mais ousadas não sairão da boca do apresentador, mas, sim, de seus companheiros de palco: Marcelo Mansfield, Leo Lins e Murilo Couto. Ressalte-se que isso não é necessariamente um problema, é compreensível o receio depois de tanta polêmica causada pelas últimas piadas de Gentili no Twitter, mas um pouquinho de ousadia é bom e todo mundo gosta.
Ao contrário do “Programa do Jô”, a entrevista não exatamente o carro-chefe do talk show. O “Agora É Tarde” é uma compilação de quadros interessantes que tem também um papo com uma personalidade. Entre os exibidos na estreia da última quarta-feira, estavam o “Passou na TV” – que se propõe a discutir o assunto da semana com imagens de todas as emissoras -, o “Lado B da TV” – que apresenta figuras pouco conhecidas nacionalmente mas que têm destaque regional – e os ótimos “Pequenos Gestos” e “Mentira FM”. Justamente por serem tão bons, estes dois últimos quadros nascem com data de validade, assim como aconteceu com o “Repórter Inexperiente” de Gentili no “CQC”. Devem logo se tornar conhecidos do público, que, ao entrar no táxi e ouvir notícias inusitadas como o noivado de Hebe e Neymar logo sacarão a pegadinha. O mesmo se aplica ao momento em que Murilo Couto se oferece para fazer favores simples a estranhos e que, sem querer querendo, mostra o quanto estamos desacostumados com a gentileza nos dias de hoje.
Danilo Gentili tem dois grandes inimigos no “Agora É Tarde”: o nervosismo, que não deu para disfarçar muito na abertura da atração, quando seu stand up – embora engraçado – era entremeado por leves hesitações, e a parte técnica. Por vezes, o som da banda Ultraje a Rigor – um grande acerto a participação dos rapazes – soava mais alto que o microfone do apresentador. Assim não dá para entender o que ele fala, é preciso equalizar melhor. Da mesma maneira, percebe-se que a equipe ainda procura formatar a identidade, o modo como a atração é feita. Houve um momento em que um zoom inesperado na cara do entrevistado ocorreu, por exemplo. Terá sido proposital? Não custa perguntar. Mas esta é apenas uma provocação. No geral, a Band acertou muito com “Agora É Tarde”. É leve, divertido e passa rápido, sem problemas. E, sim, esta é uma grande qualidade. Afinal, melhor o programa acabar deixando gostinho de quero mais do parece enfadonho.
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